L'Entourloupe Illustrée

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LIRE EN FRANÇAIS - 20/04/2015
Se você ainda não conhece a Lara Seixo Rodrigues, é uma jovem portuguesa apaixonada por Arte Urbana. Apaixonada a tal ponto que decidiu dedicar todo o seu tempo a diferentes projectos dos quais falaremos mais neste entrevista, que lhe permitirá descobrir esta linda pessoa.

Primeiro, tenho de agradecer por aceitares responder às nossas perguntas. Podes-te apresentar brevemente, a tua carreira ?
Eu não lhe chamaria carreira, mas sim percurso. A minha ligação com as Artes sempre foi bastante próxima, foi esta a área que estudei no ensino secundário e quando chegou a altura de me candidatar, a escolha natural, foi Arquitectura. Não porque era paixão ou desejo, mas porque se apresentava como a opção lógica, entre as várias opções. No entanto, passado somente algumas semanas da minha entrada na Faculdade de Arquitectura da U.T.L., apaixonei-me pela profissão e foi este o espírito durante todo o curso e durante os 10 anos em que exerci em exclusividade. Contudo houve sempre a constatação dos tempos longos dos processos, por vezes dos processos pouco criativos e, por conseguinte, existiram sempre, paralelamente à Arquitectura, outros interesses artísticos, criativos. Foi sempre aqui que a paixão pelo Graffiti e pela Arte Urbana esteve e se foi cimentando, com aparecimento e propagação de eventos em Portugal e o desenho de organizar algo relacionado com estas áreas esteve sempre lá. A oportunidade de o fazer surgiu em 2011, candidatámos (eu, meu irmão e cunhada) um projecto aos apoios pontuais da DGARTES e com um resultado positivo conseguimos organizar a 1º edição do WOOL - Festival de Arte Urbana da Covilhã. Desde então, não parei de o fazer, de (ajudar a) colorir cidades! A Arquitectura foi perdendo peso no trabalho diário e a organização de eventos de Arte Urbana foi ganhando (uma mudança mais ou menos natural, pela crise económica que se abateu no país).

Temos o sentimento que és uma pessoa hiperactiva, cheia de ideias, de projetos. Pode-se traduzir notamente pelo facto de que foste tu que reuniu "o melhor" dos artistas portugueses para os levar no fantastico projeto da Tour Paris 13. Como aterraste neste projecto ?
Não sei se serei hiperactiva, vejo-me mais como uma pessoa apaixonada pelo que faz e assim a palavra trabalho não existe e há sempre mais tempo e disposição para fazer algo mais. =) Tenho talvez o defeito de gostar de ideias malucas e 'difíceis de montar' e digo sim a tudo. E tenho também imensas ideias 'penduradas' à espera da ocasião, da oportunidade, do financiamento certo para as poder lançar. É fácil ser inspirada pelos outros, pela cidade, pela arquitectura, pela cultura, pelos filmes, ...
A TOUR PARIS 13, surge através de um contacto inesperado e daquelas 'não coincidências'. No Verão de 2012, recebi no LXFactory uma jornalista do Liberation que estava em Lisboa a 'investigar' a pujança criativa dos Lisboetas. Meses mais tarde, recebia o artista C215 em Lisboa, com um desejo de pintar uma parede em Lisboa e em conversa com ele, comentou-me que o galerista dele sabia com 'quem' ele vinha ter, pelo artigo, que há data, eu nem sabia bem onde tinha saído (nas páginas centrais) e o impacto do mesmo. Alguns meses mais tarde, recebia um mail com um convite para formar uma comitiva de portugueses para integrarem o projecto TOUR PARIS 13. =)

Descreve-nos as tuas funções nos diferentes projectos, no festival de arte urbana Wool em Covilhã e Lata 65 ?
O WOOL - Festival de Arte Urbana da Covilhã foi fundado por mim, meu irmão Pedro e cunhada Elisabet. Creio que neste projecto em concreto e especificamente o formato que acontece na Covilhã e acções nos arredores, todas as funções se misturam, somos produtores, curadores, assistentes quando necessário e trato eu da comunicação igualmente. Tudo um pouco o que acontece mais pelo resto do território nacional, fica tudo mais a meu cargo. Especificamente no LATA 65, o desafio foi-me lançado pelo Fernando Mendes do Cowork Lisboa e eu montei o projecto todo, criação de conteúdos, contactos com artistas 'formadores',.... sou igualmente formadora no mesmo.
Criaste esses projectos com teu irmão Pedro, foi como um evidência de trabalhar juntos ?
Não creio que seja uma evidência trabalhar juntos, que por vezes não é fácil trabalhar em família. Prefiro dizer que eu e o meu irmão Pedro partilhamos este gosto por Graffiti e Arte Urbana há muito !

Qual foi teu papel no Muraliza e porquê em Cascais ?
O projecto Muraliza foi idealizado pelo artista Mário Belém, natural e residente em Cascais. Foi ele que me contactou para 'colocar de pé' , concretizar a sua ideia. Restrinjo-me ao papel de produtora, deixando a curadoria ao Mário e a um writer que ele convidou para esse papel.

As obras são fantasticas. Como escolherem os artistas para essa 1era edição ?
Obrigada! =) Como te referi acima, a escolha dos artistas é do Mário Belém e Nomen. Cada um escolheu mais 2 artistas / writers. Um dos requisitos para esta 1º edição, era que todos fossem naturais e/ou residentes do concelho de Cascais.
Criastes a associação Mistaker Maker. Qual vai ser a função dessa associação ?
A associação de intervenção criativa Mistaker Maker, surge para dar resposta, tanto às inúmeras ideias com que as pessoas me contactam / desafiam, como para dar resposta ou possibilidade de concretização às tais inúmeras ideias que estão na minha cabeça. Existem projectos e ideias que não se integram nos conceitos que definimos para o WOOL e por isso são 'tratados de outra forma'. A Mistaker Maker é igualmente a imagem legal que é necessária por detrás do WOOL, sendo que este se assume como uma plataforma, uma marca.

Moras entre Covilhã e Lisboa, é impossível de escolher entre a cidade onde cresceste e a capital reconhecida hoje como uma grande capital de street art ?
Eu costumo dizer que a minha casa é o mundo. Tenho alguma facilidade de adaptação e gosto de conhecer e vivenciar diferentes culturas e creio que isto também se deve ao facto de ter nascido na encosta de uma serra, ter sido criada no campo e ter 'imigrado' para a 'grande cidade', com toda a injecção de informação e vivências que estas mudanças acarretam. Sei os pontos bons e maus de ambas as realidades e não posso passar sem as 2. Obviamente a Covilhã é a minha cidade, a minha serra, que gostava que estivesse mais perto para poder estar por lá mais vezes, é algo que está no sangue e não se explica, mas também gosto de Lisboa, é a cidade que escolhi para morar e trabalhar, apesar de não poder afirmar que seja a minha casa, sinto isso mais facilmente noutras cidades, em que já tive o prazer de viver e /ou visitar. E a realidade é que trabalho um pouco por todo o país. =)

Que pensas da evolução do street art no Portugal ?
Sendo esta uma minha paixão, sempre observei com bastante satisfação o aparecimento da mesma e sua evolução, que sem pretenciosismo acho que tenho contribuído algo com o meu trabalho. Não posso deixar de constatar que esta evolução, como tudo, nos chega numa fase tardia a Portugal, comparando com o panorama mundial.

Pelo contacto com o exterior, costumo dizer carinhosamente, que em muitos aspectos estamos na pré-história e que isto se reflecte a inúmeros níveis. Gostaria de ver mais evolução, apostas concretas e principalmente de qualidade por parte de instituições e privados. Maior formação, porque ainda há imensa confusão entre o que é Graffiti e Arte Urbana, mesmo entre os que 'praticam ambas' expressões. Acho que ainda há um caminho grande a percorrer, na qualificação da Arte urbana em Portugal, que, não podemos negar, passa por um momento 'de moda', o que deturpa sempre um pouco a real situação da mesma. Mas estamos aqui para ajudar a fazer esse caminho. =)
A pedido da Galerie Itinerrance levaste alguns artistas portugueses para Djerba, Tunisia. Podes dizer-nos alguma coisa sobre esse projecto ? (ler nosso articlo sobre Djerbahood)
Claro, apesar de a esta altura já tudo ter sido divulgado. =) O Mehdi, director da Galerie Itinerrance, já me tinha falado deste projecto, quando estivemos pela Tour Paris 13. Ele é muito bom conhecedor da capacidade que a Arte Urbana tem de modificar mentalidades, tem uma paixão semelhante à minha, um entendimento amplo de onde esta pode chegar a nível social, urbano, economico e cultural. É igualmente tunisino e nunca iria perder a oportunidade de 'abrir mentes' na 'sua terra', no contexto histórico e político actual, delicado, mas igualmente ambicioso como o que se vive na Tunísia após a Primavera Árabe. O seu desejo, depois de muitos meses de produção, reuniões com ministros e demais entidades governamentais, patrocinadores e afins, possibilitarão a concretização do projecto, onde mais de 150 artistas, que superarão as 30 nacionalidades inicialmente idealizadas, 'ocuparam' uma aldeia tradicional na Ilha de Djerba.
Podes falar-nos do festival Fusing Culture Experience que fico na Figueira Da Foz durante 3 dias do 14 ao 16 de agosto 2014 ?
O Fusing é um festival que se destaca por juntar no mesmo espaço Música, Arte, Desporto e Gastronomia. Um conceito poderoso e que já vai na sua 2º edição. Este ano estive por lá novamente com o WOOL, curando e produzindo todas as acções de Arte Urbana, especificamente com os artistas: Pantónio, que tomou conta de uma parede de mais de 400m2; Robert Panda e seus estúpidos, os romenos Aitch e Saddo, que irão pintar uma torre portuária, entre outros. Este ano, fui ainda convidada para tomar conta da programação da Garagem das Artes, onde foi desenhado e concretizado um conjunto de actividades que tentam espelhar o conceito de fusão entre áreas do próprio festival.
Há ainda alguns artistas portugueses e estrangeiros com quem gostarias de trabalhar ?
TANTOS!!! E não posso revelar nomes, seria injusto e é uma lista sempre crescente! =)

Como encontras o tempo e a energia para realizar todos esses projetos Lara ?
Na paixão do que faço e com que o faço! É a única explicação possível para as privações, os sacrifícios que já fiz e provavelmente continuarei a fazer e a única forma de superar algumas acusações e coisas menos simpáticas que nos chegam aos ouvidos! :) Mas faz parte! :)

Recentemente tivestes algum favorito artístico, literário ou filme que gostarias de compartilhar connosco ?
Não tenho nada de especial a destacar, ou poderia falar do todo. Sou fácil de inspirar! =)

A seguir o que vai ser, otros projectos, ânsias ?
O próximo que se segue é o retorno à Covilhã, ao fim de 3 anos! =)

Obigados mais uma vez pela tua paixão pelo street art que partilhas com o maior. Boa sorte em seus projectos . Tens a palavra final ...
Obrigado eu pelo apoio constante! É sentido por aqui!! <3


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